O racismo na avaliação imobiliária

Mercado Imobiliário Ago 22, 2022

Consegue imaginar como o racismo pode ter influência no mercado imobiliário? Não precisa imaginar, continue a leitura para saber que isso é uma realidade.

Três dias atrás, uma matéria do New York Times denunciou a subprecificação na avaliação imobiliária de um imóvel que pertence a uma família negra. O casal Nathan Connolly e Shani Mott recebeu, no ano passado, em sua casa, um avaliador imobiliário. Eles acreditavam que a casa, onde já tinham realizado benfeitorias, teria se valorizado desde 2017 (ano em que adquiriram a casa por 450 mil dólares), já que o mercado imobiliário em Baltimore apresentava uma alta de 42%. Para surpresa do casal, a casa foi avaliada em 472 mil dólares, valor que não permitiu que o casal refinanciasse sua hipoteca.

Como se essa situação já não fosse bastante curiosa, alguns meses depois da primeira avaliação, o casal solicita uma nova avaliação para refinanciamento do imóvel, mas dessa vez, retiram da casa todas as evidências de que ali morava uma família negra. Conforme Nathan Connolly esperava, como um especialista na história da supremacia branca nos Estados Unidos e consciente de que o racismo também se manifesta no mercado imobiliário, a casa, dessa vez, foi avaliada em 750 mil dólares. Agora a família está processando tanto a concessora de financiamento imobiliário quanto a empresa de avaliações imobiliárias e seu dono, responsável por conduzir a primeira avaliação.

No Blog da Kapputo e em muitos outros espaços na internet fala-se de avaliação imobiliária. Tenta-se enumerar os fatores que levam um imóvel a se valorizar ou se desvalorizar. Condena-se, mesmo que indiretamente, a especulação imobiliária, e por consequência, até o investimento imobiliário no geral.

Quando falamos de avaliação imobiliária e de investimento imobiliário, estamos falando de dinheiro, não pouco; de economia, de eficiência de carteiras imobiliárias e de milhões de empregos. Falamos de coisas seríssimas, não só para quem investe como para toda a economia global. E sim, falamos de racismo. E isso incomoda, por esse problema social não deveria entrar na equação, porque nada tem a ver a qualidade de imóveis ou o retorno de um investimento imobiliário. Espera-se que racismo não tenha a ver com avaliação imobiliária. Mas, surpreendentemente e infelizmente, tem.

Quando é feita por humanos, a avaliação imobiliária pode ser bastante inexata e inexplicada. Mesmo quando há justificativa para que algo seja um fator para o aumento ou redução do preço de um imóvel, geralmente não temos informações científica ou matematicamente explicativas para a dimensão de uma sobreavaliação ou subavaliação. Uma característica específica pode fazer seu imóvel ficar exatamente 100 mil reais mais caro, mas como um avaliador humano pode explicar o porquê de ser exatamente 100 mil reais? Ele não pode explicar, porque não sabe.

É por isso que a tecnologia no mercado imobiliário abre novas portas em campos onde nunca imaginou-se que teria impacto, como no caso da família de Baltimore. Por meio de avaliações imobiliárias mais automatizadas, podemos reduzir o risco a vieses e até mesmo o risco de deixar que uma avaliação se sustente puramente em racismo. Isso não resolve tudo. Não resolve o problema do racismo. Mas uma das estratégias de resolução de problemas sempre foi dividir um grande problema em problemas menores, e então resolvê-los um por um. A tecnologia no mercado imobiliário tem a sua frente um novo problema, e pode trabalhar por uma solução.

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Marília Ferreira

Eterna aprendiz de tudo, buscando absorver e disseminar o conhecimento sobre inovação no mercado imobiliário.

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