Cidades inteligentes: soluções tecnológicas para a vida urbana
Uma simples reflexão deve passar pela cabeça de todas as pessoas que estão presas no trânsito, em seus carros ou no transporte coletivo, em horário de pico, em uma metrópole brasileira: viver em uma grande cidade tem que ser assim?
Passar 4 horas por dia no trânsito e observar lixo transbordando de lixeiras ou no chão faz parte da experiência de viver ou frequentar alguns locais em uma grande cidade. Todos sabem o quanto isso pode ser estressante e causar mal estar. Mas a vida urbana tem que ser assim?
Talvez a superpopulação seja uma característica inerente a grandes cidades, assim como, em parte, a poluição sonora. Mas não há porque tornar a vida urbana em uma experiência ainda mais cansativa quando a humanidade tem acesso a tecnologias e dados cujo uso permitiria desfrutar de uma vida urbana mais agradável. As cidades inteligentes são sobre esta possibilidade.
O que é uma cidade inteligente?
Uma cidade inteligente usa internet das coisas, dados e tecnologias para conectar componentes de uma cidade e melhorar a vida de moradores e turistas. Na prática, isso pode ser implementado na forma de uma aplicação móvel que disponibiliza canais de informação e comunicação a fim de que as pessoas evitem problemas urbanas como congestionamentos, achem vagas de estacionamento, sinalizem a existência de um buraco ou lixo.
Em um cidade inteligente, a tecnologia é usada para conectar o governo aos cidadãos e melhorar a vida de todos; além disso, busca eficiência em suas operações e infraestrutura.
As primeiras cidades a serem consideradas cidades inteligentes são cidades europeias, como Barcelona, Amsterdã e Hamburgo, embora possamos considerar da mesma forma as cidades de Dubai e Singapura. Algumas cidades americanas iniciaram projetos piloto de inteligência urbana, como Chicago e Nova York.
Quais serviços urbanos podem ser melhorados?
Entre as tecnologias urbanas que podem ser melhoradas em uma cidade inteligente estão:
- iluminação pública inteligente;
- gestão inteligente de resíduos;
- vigilância por vídeo;
- estacionamento inteligente;
- estações de recarga de carros elétricos;
- métricas inteligentes de uso de água e energia urbana.
Em valores, do que estamos falando?
Em 2018, estimava-se que em 2021, os gastos com tecnologia para cidades inteligente atingissem 135 bilhões de dólares, sendo a indústria de cidades um mercado que esperava-se ser de 400 bilhões este ano de 2020. Evidentemente, essas estimativas podem ter sido afetadas pelo novo coronavírus, que desencadeou uma crise geral na economia e governos de todo o mundo.
Quem pode tornar uma cidade comum em uma cidade inteligente?
Uma cidade inteligente existirá se: 1) seus governantes quiserem iniciar projetos para resolver problemas da cidade por meio da tecnologia; 2) existirem empresas que podem entregar soluções para cidades inteligentes; e 3) houver colaboração dos cidadãos.
Diversas empresas ao redor do mundo já criam soluções para cidades inteligentes, como Intel, Ericsson e Cisco Systems, trabalhando associadas aos governos municipais em prol da criação das cidades inteligentes.
Além disso, há alguns esforços em associação entre cidades do mundo todo, como a TM Forum, a fim de estimular o desenvolvimento das cidades inteligentes. Além disso, fundações e governos nacionais, como o dos EUA, tem reservado recursos para pesquisa de soluções para as cidades inteligentes, como eficiência dos transportes, eficiência na saúde, e melhoria nas redes de computadores e internet nas cidades.
Isso é para nós?
Uma cidade inteligente ideal dependerá de aplicativos avançados que suportem análises de big data e compartilhamento de vídeos e informações em tempo real. Isso exige uma grande rede de fibra ou sem fio que englobe todas as regiões da cidade, coletando dados diretamente onde ocorrem (computing edge).
Pode parecer pretensioso falar em tecnologias de cidades inteligentes em cidades de um país como o Brasil, em que temos problemas de saneamento, desigualdade e exclusão social, moradia e violência, sem falar (da falta) do planejamento urbano, que prejudica a sustentabilidade e harmonia entre a população, a cidade e a natureza.
No entanto, a urbanização do mundo parece ser um caminho sem volta: estima-se que 68% da população mundial viverá em cidades em 2050. Os problemas trazidos pela urbanização só tendem a piorar, sendo alguns deles de natureza social, como a periferização das populações mais pobres.
Pensar em cidades inteligentes pode não ser uma tarefa que envolve alta tecnologia e dados, mas um esforço de resolver problemas urbanos, sejam sociais ou de eficiência urbana. Além disso, os resultados para criação de cidades inteligentes certamente gerariam uma vida urbana mais agradável para qualquer morador da cidade, apesar de outros problemas que apenas eventualmente teriam solução.